sábado, 22 de novembro de 2008

DESMISTIFICAR OS 133.700 EMPREGOS "CRIADOS" PELO 1º MINISTRO

De entre todas as promessas eleiturais que o Partido Socialista fez aos eleitores nas últimas eleições legislativas, assume particular relevância a da criação, durante o espaço da legislatura, de 150.000 novos empregos.


Esse compromisso foi abundantemente difundido em cartazes espalhados de Norte a Sul de Portugal e assumiu um carácter emblemático, porque a questão do emprego é, porventura, aquela que mais preocupa os portugueses. Todavia, o desempenho da economia nacional, no decorrer desta legislatura, tem sido medíocre e a criação de emprego quase nula.

Foi neste quadro e em plena rentrée política, que Sócrates veio anunciar, que a meta da criação dos 150.000 mil postos de trabalho está praticamente atingida, pois já foram criados 133,7 mil no decurso da actual legislatura. Tal não corresponde minimamente à verdade.

Aliás, à cautela, o Ministro do Trabalho, em declaração aparentemente contraditória, veio dizer que o governo não está obcecado em cumprir esse compromisso.

Na verdade, àqueles 133,7 mil postos de trabalho anunciados por José Sócrates, há que retirar 36 mil postos de trabalho de pessoas que, embora residindo em Portugal, arranjaram emprego e trabalhavam no estrangeiro.

No primeiro trimestre de 2005, cerca de 27,5 mil residentes em Portugal trabalhavam no estrangeiro, enquanto no final do 2º trimestre de 2008 eram 63,3 mil portugueses que se encontravam nessa situação.

Ou seja, 36mil, cerca de 3% desses empregos anunciados pelo Primeiro Ministro, foram criados no estrangeiro, com particular destaque para a Galiza, Badajoz e Ayamonte.

Os boletins do Eurostat, dos meses de Junho e Julho, também se encarregam de desmentir categoriamente a versão optimista governamental e revelam que Portugal está a criar menos emprego do que o governo apregoa. De facto, entre o 3º trimestre de 2005 e o 2º trimestre de 2008, em Portugal, a criação de emprego foi 0,3%, enquanto que na zona euro foi de 1,5%, o que diz bem da insuficiência e limitações relativas do crescimento económico português e da criação de emprego associada.

cresce ainda que, muitos dos empregos criados, em virtude da sua precaridade e características ( hotelaria, serviços, call-centers ), foram ocupados por cidadãos estrangeiros residentes em Portugal.

Segundo dados oficiais, a população estrangeira com estatuto de residente aumentou 126 mil pessoas, de 2005 para 2007 (275mil).

Em idêntico período a população residente aumentou 47.983 pessoas, o que significa que cerca de 78 mil portugueses deixaram de residir em Portugal entre 2005 e 2007, isto é, emigraram em busca de melhores condições de vida.

Outro facto objectivo é o da qualidade de emprego criado- a maioria dos empregos criados são sub-empregos. A população empregada aumentou entre os segundos trimestres de 2005 e 2008 em cerca de 98 mil pessoas. Destas, cerca de 28 mil (3o% desse valor) correspondem a pessoas que trabalham entre a 1 a 10 horas por semana. E cerca de 40 mil ( cerca de 40% ) correspondem a pessoas com um emprego parcial. Na verdade, no 2º trimestre de 2005 o emprego parcial atinjia 590 mil pessoas e no 2ºtrimestre de 2008 eram aproximadamente 630 mil. Estamos, por isso, perante uma mistificação dos 133,7 mil postos de trabalho anunciados por José Sócrates:



-cerca de 36.000 trabalham no estrangeiro;

- cerca de 28.00 têm um emprego com uma duração semana de trabalho inferior a 11 horas;

-cerca de 40.000 estão empregados a tempo parcial;

-29.700 empregos são essencialmente em áreas comerciais e call-centers.

Por último, o aumento do desemprego entre os detentores de um grau académico, onde se revelam as declarações do ministro do EnsinoSuperior, em Abril, ao referir que "quase não há desemprego entre licenciados", completamente deslocado dos factos. Entre 2005 e 2007 o desemprego de pessoas com grau académico aumentou de 46,2 mil para 59,3 mil pessoas (variação de 28,4% ) sendo que, a taxa de desemprego se situa, de acordo com os dados do INE, no segundo trimestre de 2008, em 5%.



Todos estes dados constam dos relatórios do INE.



ALEXANDRE MONTEIRO

Presidente da Mesa da Assembleia Distrital dos TSD da Guarda

sábado, 15 de novembro de 2008